sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Alfabetização e Letramento


Na década passada com a implementação das Políticas Públicas Educacionais no Brasil, viabilizou um grande número de crianças e adultos no contexto escolar, democratizando o acesso a escola, no entanto, um número significativo de educando não aprende a ler e escrever, outros, apesar de dominarem as habilidades do ler e escrever, não são capazes de utilizar à escrita e leitura na produção de textos na vida cotidiana e nem utilizar a leitura e escrita em situações práticas inerentes a uma sociedade letrada.
A UNESCO ao ter consciência que a alfabetização universal de crianças e adultos continua sendo um grande desafio de alguns países, numa iniciativa de contribuir com a erradicação do analfabetismo, entre outros países, o Brasil, situação essa que compromete o futuro do País, negando oportunidades às pessoas de um inserção social, instituiu a “Década das Nações Unidas para a Alfabetização” (2003-2012), alguns programas e projetos são desenvolvidos em busca da qualidade na Educação e fortalecendo a importância da alfabetização para o desenvolvimento social, cultural e econômico de uma nação. Entre outros programas, Iniciativa de Alfabetização para o Empoderamento, Implementação da Avaliação do Sistema Educacional do Estado de Alagoas, visando, subsidiar a implantação de políticas Públicas Educacionais voltadas para melhoria da Educação Básica em todo Estado.
O Brasil através de pesquisas, encontra-se no ranking dos países menos letrados. A região Nordeste, continua tendo um alto índice de analfabetos, apesar da taxa de alfabetização ter crescido nos últimos 10 anos. O MEC, através das suas avaliações para testar os estudantes e auferir a qualidade no ensino básico (ENEM, IDEB, Prova Brasil), tem nos revelado que crianças do ensino fundamental têm dificuldades para ler e para utilizar a escrita na produção de seus usos sociais. A alfabetização hoje é vista como fator principal do fracasso escolar, cujo índice, principalmente entre as crianças das camadas populares, evidencia uma ineficiência da escola.
Cabe a escola a função de tornar os indivíduos de uma sociedade “letrados”, fornecendo instrumentos para interagir ativamente com o sistema de leitura e escrita, potencializando os efeitos dessa conquista para outras conquistas (culturais, sociais e políticas), internalizando no indivíduo funções sociais nas suas atitudes.
Para refletirmos teoricamente o processo de construção da escrita, sob o ponto de vista da alfabetização e letramento, se faz necessário esclarecer que a alfabetização e letramento são processos diferentes, mas complementares, o grande desafio nas práticas educativas em contexto escolar é o de conciliar esses dois processos, de maneira que o educando compreenda e domine o sistema alfabético/ortográfico e tenha plena autonomia no uso efetivo da língua nas práticas sociais de leitura e escrita.
Segundo Soares apud Carvalho, 2006, alfabetização “é o processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é, do conjunto de técnicas-procedimentos, habilidades-necessárias para a prática da leitura e escrita (...)”, já o letramento “é o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita”
A escolarização está intimamente ligada ao processo de inserção da criança no mundo da leitura e escrita, possibilitando uma inserção mais democrática do sujeito nas sociedades letradas, no entanto, não significa que este processo só ocorra no contexto escolar, também se aprende a ler e escrever em instituições não escolares. A escolarização cumpre um papel fundamental na promoção de habilidades associadas à alfabetização e letramento, é através dela que qualquer atividade que vise à aprendizagem da leitura e escrita é legitimada.
Adquirir a leitura e escrita, ou seja, ser alfabetizado, não é o bastante, é preciso buscar a função social das linguagens orais e escritas. Segundo Val “a apropriação da escrita é um processo complexo e multifacetado, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético/ortográfico quanto à compreensão e o uso efetivo e autônomo da língua escrita em práticas sociais diversificadas.”
A alfabetização em contexto escolar deve além de trabalhar o conhecimento alfabético, fazê-lo sobre textos em gêneros de circulação social concreta, aos quais são importantes para a prática social, ativa e cidadã dos educandos, o texto torna-se a unidade central do ensino, reforçando o caráter do sentido e da comunicação da linguagem. As práticas de alfabetização e letramento se dêem sobre uma diversidade textual interessante e contextualizada, para que o aluno compreenda a utilidade da escrita e de sua circulação social, visando à formação de leitores competentes e de alunos capazes de dominar a escrita.



Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, no que se refere aos objetivos são:



“adquirir progressivamente uma competência em relação à linguagem que possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado” (PCN, 1988)



Desta forma, cabe a escola ter como meta, conciliar a alfabetização e o letramento, ambos processos distintos, porém interligados, o letramento através da interação da criança com diferentes tipos de gêneros textuais e sua participação em atos reais de leitura e escrita e a alfabetização por meio da identificação das relações fonema-grafema, do conhecimento do sistema de escrita e do desenvolvimento de habilidades de codificação e decodificação. Ao utilizar a diversidade textual em sala de aula, o professor deve motivar e valorizar a leitura prazerosa, veículo de sensibilidade e reflexão acerca de nós mesmos e do mundo, com o propósito de um processo ensino aprendizagem numa perspectiva de alfabetizar letrando.